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Antes de mais nada o que seria um Kindle? É interessante uma diminuta informação pois nem sempre se sabe o que seria “esse bicho”.
Kindle é um leitor digital da Amazon (conglomerado de vendas
americano {físico e pela WEB} considerada a maior do mundo no ramo
de livros digitais). Esse equipamento tem como finalidade dominante a
leitura digital (recentemente lançaram um com funções, também, de
tablet). No meu caso, comprei a versão exclusiva para leitura.
E dai? Comprei mais um “brinquedinho eletrônico”, como afirmam
alguns ou estou me inserindo, mais ainda, no universo digital? Da
minha parte, é mais uma pedra no meu alicerce de inserção digital,
agora, no campo de minha paixão: a leitura.
Mais, e daí? Eita indagação frustrante! O que vai mudar em minha
vida – hoje – se comprei esse “bicho”. Dentro das condições
atuais não muda muita coisa. No entanto, não é essa a questão.
Sempre me entendo como educador e é nesse patamar que devo pensar.
Sendo assim...
Sílvio Meira, em seus escritos no seu blog “bit a bit”, costuma
a pensar a inclusão tecnológica em um patamar macro: o domínio
dessa tecnologia e não a sua pura e simples utilização. O
professor de História da Universidade Federal de Sergipe, Marcos
Silva, no texto “Ensino de História e Novas Tecnologias” abre um
enorme leque de possibilidades quanto a isso. Nesse caminho, não
podemos esquecer que um dos objetivos da escola é a inserção do
aluno no seu contexto, ou seja, o domínio das ferramentas que o
tornem capaz de uma inserção na sociedade. Ao não incorporar as
TICs no processo de ensino e aprendizagem a escola não cumpre esse
papel.
A visão que se tem de como deve ser a utilização dessas
tecnologias no processo de ensino e aprendizagem, é uma visão
ultrapassada: melhorar - dinamizar o ensino tradicional. Dentro da
ideia do que seja ensino tradicional, podemos pensar Paulo Freire no
seu conceito de Educação Bancária: o professor coloca
conhecimentos na cabeça do aluno. O ensino unidirecional: o
professor fala e o aluno escuta. Essa é forma dominante nas escolas
do Brasil. Para discutir essa perspectiva dominante em nossas escolas
e universidades, lembro de um globo universidade onde alunos
brasileiros fazem intercâmbio no MIT. Ao serem indagados sobre as
diferenças entre eles e o nosso sistema universitário, uma das
diferenças apontadas é que no Brasil “fazemos provas, aqui
elaboramos projetos”. Percebeu?
Muitos afirmam que se pode fazer uma educação de qualidade apenas
com livros e dedicação, no entanto, não é essa a questão. O que
devemos pensar é no domínio sobre a tecnologia que nos orienta no
dia a dia. Não fazer essa inclusão, esse domínio, coloca o Brasil
como coadjuvante nesse mundo cada vez mais tecnológico. Esse é um
dos papéis da escola. Com essa inclusão vamos ser produtores e não
meros consumidores de tecnologias. Essa é uma das condições no
mundo atual para uma verdadeira soberania. Para isso basta ler nos
jornais a perplexidade das autoridades brasileiras ante a espionagem
americana. Quando uma autoridade vem a pública afirmar que não
temos como evitar esse tipo de investida, e mais, não temos
capacidade tecnológica para isso, e aqui o cerne da questão: meros
consumidores de tecnologia ficam a reboque dos produtores.
Se o papel da escola é inserir o aluno na sociedade, as nossas não
cumprem esse papel. Baseado em um processo de ensino e aprendizagem
focado na memorização e reprodução, onde o uso de recursos
tecnológicos (quando existem) é utilizado para reforçar esse
paradigma ultrapassado, a sua função primordial passa a ser um
ensino academicista e voltado para vestibulares. Passando ao largo
nas possibilidades revolucionarias que essas ferramentas tecnológicas
possibilitam. Esse paradigma educacional arcaico, impossibilita essa
inserção transformação.
Quanto mais nos inserimos nesse ambiente, mais possibilidades temos
de entender e dominar esse universo. A leitura não vai acabar, mas
com certeza, vai adquirir outras possibilidades e, essas, serão
baseadas na tecnologia digital. Dai o meu Kindle.
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