domingo, 22 de março de 2015


APATIA PEDAGÓGICA



No ambiente escolar, naquilo que seria o “chão de fábrica”, é onde efetivamente acontece o processo ensino e aprendizagem. Muitas vezes esse “ambiente” poderia ser bem melhor e dinâmico, no entanto, existe uma “apatia pedagógica” travando esse processo de mudanças. Apatia pedagógica é o comodismo, o receio de mudanças, o apego doentio a práticas seculares e, sabidamente, não mais adequadas ao que se pede a educação atual.
No universo que chamo de apatia pedagógica, existem inúmeras atitudes que travam o desenvolvimento da educação, da escola. No ensino público (meu universo atual), mas também no particular (onde atuei durante mais de 20 anos), são poucos os personagens enfrentadores dessa apatia. 
No sistema público os personagens são escalados em acordo com o seu cargo e, nada mais do que isso. Somente uma minoria assume uma postura mais dinâmica e compromissada com o processo, afinal, não ganho (financeiramente) nada a mais para isso. É isso: meu compromisso é com a minha função (na maioria das vezes) e não com a educação em geral.
No universo do processo de ensino e aprendizagem, quanto ao papel do professor, essa apatia está no apego ao paradigma de ensino tradicional: aulas puramente expositivas, papel central na figura do professor. Essa forma de ensino e feita desde tempos remotos, é ultrapassada mais persiste em nossas escolas, aliás, é a forma predominante. Assistimos diariamente a “luta” do professor em suas aulas. Muito dessa “luta” poderia ser evitada se procedimentos e métodos de ensino fossem mais dinâmicos e coadunado com novos paradigmas de ensino e aprendizagem. Esse novo paradigma envolve um processo multidirecional, onde exista uma interação professor/ aluno. Nesse novo paradigma centramos o processo da no aluno e não na figura monolítica do professor.
Aulas sem dinâmicas, voltadas para a figura central do professor, papeis rígidos no ambiente escolar, são posturas que não transformam a educação e mantém esse desastre que temos nas nossas escolas. Evidentemente isso é uma ponta desse iceberg desgovernado que a educação no Brasil atual. Nessa conta devemos incluir questões de política educacional do Estado. Essas são políticas que valorizam as finalidades meio em vez das finalidades fim envolvidas no ambiente escolar. Na educação finalidade fim seria o ensino e aprendizagem, o aluno e o professor; finalidade meio seria a burocracia, entre outras. Assim é muito mais “prazeroso” para o gestor investir em capacitações, em compra de materiais, em convênios do que no professor. Investir no professor se dá, em grande parte, na questão salarial e, isso como vemos, não política do Estado. Investir no aluno é assumir o compromisso com professores capacitados, evitar a superlotação em salas, etc.
Assim entendemos essa “apatia pedagógica”: Descompromisso de alguns com uma dinamização do ambiente escolar, um Estado que teima em anunciar a valorização da educação, no entanto, essa é uma valorização, na maioria das vezes, midiáticas. E, pasmem: uma sociedade sem compromisso com a educação. Sociedade essa que entende a educação como um algo mais na existência e não como um fenômeno fundamental na sociedade.

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