APATIA PEDAGÓGICA
No
ambiente escolar, naquilo que seria o “chão de fábrica”, é onde efetivamente
acontece o processo ensino e aprendizagem. Muitas vezes esse “ambiente” poderia
ser bem melhor e dinâmico, no entanto, existe uma “apatia pedagógica” travando
esse processo de mudanças. Apatia pedagógica é o comodismo, o receio de
mudanças, o apego doentio a práticas seculares e, sabidamente, não mais
adequadas ao que se pede a educação atual.
No
universo que chamo de apatia pedagógica, existem inúmeras atitudes que travam o
desenvolvimento da educação, da escola. No ensino público (meu universo atual),
mas também no particular (onde atuei durante mais de 20 anos), são poucos os
personagens enfrentadores dessa apatia.
No sistema público os personagens são
escalados em acordo com o seu cargo e, nada mais do que isso. Somente uma
minoria assume uma postura mais dinâmica e compromissada com o processo,
afinal, não ganho (financeiramente) nada a mais para isso. É isso: meu
compromisso é com a minha função (na maioria das vezes) e não com a educação em
geral.
No
universo do processo de ensino e aprendizagem, quanto ao papel do professor,
essa apatia está no apego ao paradigma de ensino tradicional: aulas puramente
expositivas, papel central na figura do professor. Essa forma de ensino e feita
desde tempos remotos, é ultrapassada mais persiste em nossas escolas, aliás, é
a forma predominante. Assistimos diariamente a “luta” do professor em suas
aulas. Muito dessa “luta” poderia ser evitada se procedimentos e métodos de
ensino fossem mais dinâmicos e coadunado com novos paradigmas de ensino e
aprendizagem. Esse novo paradigma envolve um processo multidirecional, onde
exista uma interação professor/ aluno. Nesse novo paradigma centramos o processo
da no aluno e não na figura monolítica do professor.
Aulas
sem dinâmicas, voltadas para a figura central do professor, papeis rígidos no
ambiente escolar, são posturas que não transformam a educação e mantém esse
desastre que temos nas nossas escolas. Evidentemente isso é uma ponta desse
iceberg desgovernado que a educação no Brasil atual. Nessa conta devemos incluir
questões de política educacional do Estado. Essas são políticas que valorizam
as finalidades meio em vez das finalidades fim envolvidas no ambiente escolar. Na
educação finalidade fim seria o ensino e aprendizagem, o aluno e o professor;
finalidade meio seria a burocracia, entre outras. Assim é muito mais “prazeroso”
para o gestor investir em capacitações, em compra de materiais, em convênios do
que no professor. Investir no professor se dá, em grande parte, na questão salarial
e, isso como vemos, não política do Estado. Investir no aluno é assumir o
compromisso com professores capacitados, evitar a superlotação em salas, etc.
Assim
entendemos essa “apatia pedagógica”: Descompromisso de alguns com uma
dinamização do ambiente escolar, um Estado que teima em anunciar a valorização
da educação, no entanto, essa é uma valorização, na maioria das vezes,
midiáticas. E, pasmem: uma sociedade sem compromisso com a educação. Sociedade
essa que entende a educação como um algo mais na existência e não como um fenômeno
fundamental na sociedade.
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